quarta-feira, 2 de julho de 2008

Amazônia


O mundo está preocupado com a Amazônia, responsável por 59% das emissões brasileiras de gases do efeito estufa, principalmente pelos desmatamentos e queimadas. Porém, os outros 41% ocorre em sua maior parte no Cerrado. E para agravar a situação, o governo federal só tomará providências depois de 2010.

O Cerrado está esquecido e abandonado. Ao contrário da Amazônia, pouca gente se importa. O desmatamento está em 1,1% do território ao ano, ou seja 22 mil km2. A destruição já atingiu mais de 50% de sua área. Os responsáveis por isso são a agricultura e a pecuária. Some-se a isso a derrubada de 17,3 mil km2 nos últimos 10 anos para a produção de carvão vegetal para siderurgias de Minas Gerais.

No Cerrado, encontramos um terço da biodiversidade brasileira, são 10 mil espécies de plantas, sendo que 4 mil delas são exclusivas do Cerrado. A biomassa do Cerrado é subterrânea, de raízes em busca de água em lençóis profundos.

Se o álcool norte-americano provoca o interesse em desmatar a Amazônia para se plantar soja, no Cerrado são os próprios biocombustíveis que ameaçam. Para a Embrapa, restam menos de 5% do Cerrado em pedaços que possam sobreviver, com menos de 2 mil hectares o cerrado morre.

E é no Cerrado que nascem rios que abastecem as bacias do Amazonas, do São Francisco e do Paraná. E o INPE já constatou que os lençóis subterrâneos estão diminuindo. Preocupante, como já nos alertou o jornalista Washington Novaes com o exemplo da Represa de Itupararanga, Sorocaba, cujos rios perderam metade da água por causa do desmatamento.

Assim como na Amazônia, a área já desmatada do Cerrado não está sendo aproveitada para agricultura, sendo possível, com isso, dobrar a produção agropecuária.

O Projeto Canasat (www.dsr.inpe.br/canasat) constatou que 142 mil hectares de cerrado foram transformados em canavial. E ainda, a cana está ocupando o lugar das matas em oito Estados brasileiros. São Paulo é o maior destruidor, foram 86 mil hectares desmatados, Minas Gerais, 25 mil, Goiás, 13 mil, Mato Grosso, 12 mil e Mato Grosso do Sul, 6.000.

A solução para o problema depende de políticas do governo federal para incentivar a expansão da cana em áreas subutilizadas por outras culturas. Como já sabemos, o próprio ministro da Agricultura age com desprezo ao cerrado e o governo federal planeja construir 20 usinas hidrelétricas e oito termoelétricas, consideradas desnecessárias segundo os especialistas do setor. Por isso, cabe-nos sensibilizar toda a classe política para pressionar o governo a salvar todo o bioma nacional.

Os Governos podem fazer muito, outro exemplo foi a divulgação da pesquisa da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) mostrando que apenas oito empresas são responsáveis por 63% de toda a emissão de CO2 das indústrias paulistas, ou 18 milhões de toneladas por ano. São elas, a Cosipa, três refinarias da Petrobrás e uma petroquímica, a Companhia Brasileira do Alumínio, a Votorantim Cimentos e a Rhodia. Dióxido de carbono que pode facilmente ser capturado, bastando “vontade” (lei/ordem) política e que ainda que pode gerar rendimentos.



Amazônia pode resistir ao aquecimento global e ajudar a controlar o clima


Pesquisadores acreditam que floresta é capaz de sobreviver ao aumento de temperaturas. para a proteção funcionar, no entanto, o desmatamento precisa ser controlado.


A Amazônia pode ajudar a proteger a América do Sul das mudanças climáticas e ainda mitigar os efeitos do aquecimento global no resto do mundo — desde que não seja desmatada. O alerta vem de um artigo publicado na revista especializada “Science” por um grupo internacional de cientistas, que inclui o brasileiro Carlos Nobre. Na mesma edição da revista, outro texto, de uma dupla européia de pesquisadores, critica o funcionamento do órgão da ONU que trata das mudanças climáticas.

Só neste século, a temperatura na Amazônia deve subir, em média, 3,3ºC. Esse elevação deve aumentar a seca em algumas regiões, principalmente no leste e no sudeste da floresta (região de Mato Grosso), onde o desmatamento é mais intenso. A área de maior biodiversidade, no entanto, no noroeste, seria também a menos afetada pelo calor.

Além disso, os pesquisadores acreditam que a floresta é mais resistente à elevação das temperaturas do que parece, graças às suas profundas raízes.

Esses dois fatores combinados ao importante papel que a Amazônia possui na determinação da temperatura global (apenas a perda da cobertura vegetal, por exemplo, sem contar os gases de efeito estufa, já seria o suficiente para elevar os termômetros no mundo) fazem os cientistas acreditam no fatorprotetor” da floresta contra o aquecimento. Se chamar de “pulmão do mundo” é exagero, os pesquisadores defendem que o ciclo de condensação e evaporação na Amazônia são “os motores da circulação atmosférica global”.

Isso só vai dar certo, é claro, se a floresta não for desmatada. A derrubada de árvores e a fragmentação causadas pelas atividades humanas fazem o calor subir, a chuva diminuir e todo o sistema ruir. Como é impossível conter totalmente a transformação de floresta em área para agricultura e pasto, os pesquisadores sugerem a elaboração de um plano.

O primeiro passo seria manter o desmatamento no mínimo necessário, muito abaixo de um número que afetasse o clima da região. O segundo, controlar o uso do fogo através da educação da população e de leis. O terceiro, manter corredores de mata nativa para a migração das espécies; o quarto, proteger os rios para que eles sirvam como “refúgios de umidade”. Por fim, manter o “núcleo” da Amazônia, aquele mais resistente ao calor e com a maior biodiversidade, intacto.

Isso, acreditam os cientistas, ajudaria não apenas a contar o aquecimento global, mas também daria chances para as espécies locais se adaptarem ao aumento das temperaturas.

Um comentário:

Júlia e Letícia disse...

Gostei do seu blog, A imagem onde tem escrito: Preserve o que é nosso! eu coloquei no meu blog ok?